sábado, 21 de março de 2009

Professor - CLOWN


A mentalidade comercial influência hoje o ambiente universitário, e nos obriga a "agradar" o aluno-cliente, principal consumidor. Várias faculdades particulares querem que o professor se torne uma espécie de animador de auditórios lotados, um Show man, um palhaço.


Nada de frustação, de conflitos, de exigências. Aluno insatisfeito, negócios em perigo. E muitos alunos-clientes esperam que as aulas sejam este momento de descontração. Avaliam o professor pelo seu grau de simpatia, de camaradagem, de bom humor.


Um Chiste: a faculdade é uma instituição que vende diplomas; o estudante é o cliente que paga as mensalidades para adquirir o seu diploma; o professor é aquele que atrapalha as negociações.


Na aula espetáculo do professor palhaço, não supõe-se que ele, com suas estripulias, seja "bom" porque faz do estudante um espectador feliz.

Prefiro pensar no professor-clown. A palavra inglesa etimologicamente vinculada a torrão de terra, tem a ver com o que é rústico, simplório, risível.

O professor-clown, no sentido artístico (e didático), atua com genuidade. Provoca o riso da inteligência, o riso que demonstra o despertar da compreensão.

O professor-clown mostra que somos todos iguais. A história bem contada, cheia de graça, a irreverência e o gesto cômico rompem as barreiras entre professor e aluno, entre aluno e conhecimento. O cômico desperta em nossa consciência a certeza da nossa dignidade, o cômico desperta nosso desejo de verdade, nosso lirismo diante da vida.

O professor-clown amplia os aspectos ingênuos, patéticos e, portanto humanos do nosso ser.

O professor-clown deixa vir á tona os raciocínios (primeiros...), suas fraquezas, o infantil, o puro. Pensemos, por exemplo, na brincadeira de pegar uma expressão ou a frase ao pé da letra (como se letra tivesse pé). O clown ouve que "a noite caiu" e começa a procura-la no chão, com cara de idiota, o que faz o público cair...na gargalhada.
O que, afinal, o professor-clown nos oferece ? A Surpresa.

Mas que surpresa será essa, qual a sua mensagem ?

Subitamente, pelo riso (ou sub-riso, o sorriso), libertamos-nos de todos os papéis sociais que querem nos impingir, com exceção de um, o mais importante: ser nós mesmos, sem medo de aprender o inusitado, sem medo de ser - apenas isso, sem medo.

Fonte: Correio da Cidadania.

Revista Espaço Acadêmico.
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